Cotiporanense relata sua vivência no Movimento Tradicionalista Gaúcho

A condição cíclica da existência nos conduz, invariavelmente, a nos debruçarmos sobre nossas ações e avaliarmos a postura assumida ao longo do ano. Indubitavelmente, 2019 foi um ano desafiador a todos nós, seja pelas lágrimas que secamos, pelos sorrisos que colecionamos, ou até mesmo pelo amor que, em diversos momentos, abandonamos, para agirmos programaticamente. O Raphael que hoje vos escreve, sob nenhuma circunstância imaginou alcançar o título de Guri Farroupilha do Rio Grande do Sul, tampouco idealizou ter a oportunidade de encorajar os jovens a manifestarem seus ideais, seus anseios, suas angústias, abertamente. Em um ano em que, lamentavelmente, mais uma vez, assistimos atônitos aos embates daqueles que reduziram o Movimento à uma ágora de discussão exclusivamente política, devemos, enquanto juventude consciente e, sobretudo, atuante, ressuscitar os princípios basilares da existência de nossa confederação, quais sejam, respeito, empatia, auxílio e filantropia. O Movimento Tradicionalista Gaúcho deve transpor as barreiras da cultura gaúcha. Somos baluartes da arte, da compreensão, da manifestação genuína de tudo aquilo que nos move. Somos, sobretudo, seres sabedores das fatalidades da existência, intentando tornar a vida menos torturante, mais afável. Sejamos sapientes a ponto de nos curarmos e ainda mais generosos a ponto de auxiliarmos na cura daquilo que não nos pertence. Desafio a ti, 2020, que nos traga batalhas, crescimentos, construções. Que nos preencha de vitalidade, sagacidade e transcendentalidade. Transgredir só é possível quando a alma aceita o desconforto inerente à mudança e se permite aprender com cada lição. Que saibamos verter nosso olhar amigo e generoso sobre todo aquele que não compactua integralmente conosco – uma vez que tal condição é impossível e utópica. Que tenhamos a inteligência que possuem os girassóis, plantas extraordinárias, que giram em torno do próprio eixo, de acordo com a inclinação do sol, perseguindo o astro maior. E além disso, absurdamente, nos dias nublados, eles se voltam uns para os outros para dividir suas energias entre si. Que, bucolicamente, tenhamos a humildade de renunciar às nossas vaidades para perceber que, na natureza, com suas ações mais sutis, podemos, sistemática e invariavelmente, aprender e aplicar em nossas convivências tais aprendizados. Que consigamos despertar do sono da alienação, do pesadelo das construções sociais arcaicas que maculam e limitam a manifestação do que realmente somos. Que sejamos luz aos que nos propõem escuridão, que sejamos água fresca aos que nos propõem queimar e destruir , que sejamos senhores de nossa existência, sabedores de que não podemos comandar tudo, mas podemos comandar muitas coisas. A minha mensagem sempre será de reflexão, de ceticismo, de incômodo, de insatisfação, pois, ao longo da história de nossa espécie, as pessoas que mudaram o mundo foram dotadas de tais qualidades. Que, por fim, não nos permitamos viver mediocremente, em uma existência ceifada por comodismo e aceitação de tudo que nos é proposto. A vida é muito curta, senhores, para sermos protagonistas de uma existência falha.

“Que eu seja todo dia como um girassol,
De costas pro escuro e de frente pra luz”

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