Plano de Ação Social
Gestão: Onésimo Carneiro Duarte
PLANO DE AÇÃO SOCIAL
O drama universal do ser humano é a nossa perecibilidade. Somos muito frágeis e vivemos muito pouco para cultivarmos apenas o presente. E, afinal, o que é mesmo o presente? O minuto em que vivemos? O segundo que já passou? A vida é como um rio em movimento. As águas passadas podem mover os moinhos do futuro.
Cultivar a tradição, para nós do Movimento Tradicionalista Gaúcho, não é uma atitude de contemplação saudosista. É, principalmente, a preocupação em manter livre para os nossos filhos e netos a estrada aberta pelos bisavós. Felizes dos povos que ainda possuem cultura própria. Não é culpa dos gaúchos se a possuímos e cultivamos.
Não é por acaso, também, que a palavra cultura é empregada para os campos e para as mentes. O desenvolvimento econômico e social é indispensável para a prática do verdadeiro tradicionalismo. Os Centros de Tradições Gaúchas não devem ser apenas clubes de gente que anda de bombacha e vestido de chita. Devem ser, ao lado do entretenimento que propiciam a seus associados, uma verdadeira escola de comportamento ético e social.
Todos sabemos que o Brasil vive um grave momento no seu processo desenvolvimentista. Fatores externos e internos são responsáveis pelo desafio que enfrentamos nos setores financeiro e social. Os governos municipais e estaduais pressionam o governo federal em busca de recursos e este deve captar no exterior os bilhões de dólares de que necessitamos para reaquecer a nossa economia. A inflação devora os salários e rendimentos. O desemprego começa a ameaçar seriamente os lares gaúchos.
Nessa contingência, parece-nos fundamental o posicionamento do MTG em propor aos poderes públicos este Plano de Ação Social. É um gesto digno das nossas tradições colocarmos a serviço da causa pública uma estrutura formada por mais de 700 entidades tradicionalistas com seu um milhão e meio de associados e simpatizantes; homens e mulheres que acreditam nas nossas raízes para a cura dos males que nos afligem; gente que vive em todos os municípios do Estado e que convive com os problemas que tanto desejamos ajudar a solucionar.
Nosso presidente, Onésimo Carneiro Duarte, como os antigos caudilhos, teve a coragem de arrancar a espada e apontar a direção certa para a futura ação social dos tradicionalistas. Cabe a nós cerrarmos fileiras a seu lado, transformando em realidade o que a seguir está exposto com coragem e determinação.
INTRODUÇÃO
Existem no Estado mais de 700 Entidades Tradicionalistas, entre CTGs, Piquetes de Laçadores, Grupos e/ou Conjuntos Folclóricos, que são promotores de Rodeios e Semanas Crioulas, Festivais da Canção Gauchesca e outros eventos, alguns de fama nacional e internacional, como o Rodeio de Vacaria, a Semana Crioula de Bagé, a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, a Ciranda Musical Teuto Rio-grandense e compete ao Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG, órgão máximo do Tradicionalismo, a coordenação e a Direção Geral do Movimento como um todo.
Entre integrantes efetivos dessas instituições, familiares e pessoas mobilizadas pela atividade e pelas promoções tradicionalistas, contam-se nada menos de um milhão e meio de Rio-grandenses, número considerável e impressionante em um Estado, cuja população é de aproximadamente oito milhões de habitantes.
Das mais de 700 Entidades Tradicionalistas, muitas são uma verdadeira força, reunindo a elite cultural, social e econômica, maximé nos municípios de pecuária e agricultura extensivas, com sedes próprias e alguns dos quais com recursos apreciáveis.
Parece, porém, que apesar dos inúmeros serviços prestados pelo Tradicionalismo ao Estado, como de seu dever, há outros mais a serem desenvolvidos a curto, médio e longo prazos.
O Tradicionalismo não é um movimento elitista, nem está preocupado em preservar as tradições dos estancieiros, o folclore do patrão. Para o Tradicionalismo, o patrão é tão importante quanto o peão; o piá que declama, como o folclorista que pesquisa; o historiador que profere uma palestra, como a menina-moça que se elege primeira prenda; o rapaz que sapateia a chula e o ginete que enfrenta os corcovos de um aporreado; o colono, como o gaúcho da campanha, dos centros urbanos; o letrado e o analfabeto, ou os de menos saber e – vai sem dizer – o rico e o pobre.
A SITUAÇÃO SOCIAL DO PEÃO
A antropologia econômica ensina a distinguir três categorias no Meio Rural Brasileiro: o empresário rural, o camponês e o assalariado rural. O empresário é aquele que detém os meios de produção, a terra, que é o meio de produção por excelência, é o patrão no linguajar campeiro. O camponês é aquele cuja atividade dispensa a existência de empregados ou de empregador: ele se basta economicamente e a sua família, que o ajuda eventualmente: é o pequeno agricultor, o chacareiro, o carreteiro tradicional, que ainda sobrevive. O assalariado rural é aquele de cuja “plus-valia” o empregador se apropria: é o peão, em uma só palavra. Estes três tipos econômicos, acima referidos, interessam do mesmo modo ao Tradicionalismo.
I - A ESCOLARIDADE
A rede escolar nos municípios normalmente compreende educandários federais, estaduais e municipais, muitas vezes disseminados pelo interior do município, em áreas rurais. Ademais, há escolas de PREMEM e estabelecimentos de treinamento profissional, aliás, raros.
Muitos Centros de Tradições Gaúchas têm excelentes sedes sociais e até campeiras e, inclusive, alguns centros são sediados em plena área rural, como é o caso de Alegrete, Bom Jesus, Lagoa Vermelha, Uruguaiana, entre tantos outros. É perfeitamente possível que os CTGs colaborem eficazmente no setor do Ensino, maximé a nível municipal, onde parecem residir os maiores problemas como, hospedagem de professores na área rural, cedência de instalações, colaboração efetiva em promoções periódicas das escolas, Círculo de Pais e Mestres, etc.
Enfim, é um universo inteiro no qual o Tradicionalismo pode concorrer, proficuamente, dentro de seus ideais de servir ao Estado na consecução de seus fins e perseguição de suas metas.
Mas, sem dúvida, nesse setor o que de mais efetivo o tradicionalismo pode fazer é o treinamento do homem rural, alcançando-lhe capacitação profissional específica, como meio principal ou acessório de subsistência e, conseqüentemente, contribuindo para a sua fixação positiva no campo, barreira contra o êxodo rural e onde se encontra a origem de tantos males.
Escola de Trançadores
O artesanato em couro cru é uma velha técnica folclórica do Rio Grande do Sul, de riquíssima variedade, que pode ser comparada, com vantagem, à similar existente no mundo inteiro, incluindo o Uruguai e Argentina.
O mercado de tais produtos – laços, sovéus, ásperos, rebenques, barbicachos, elementos decorativos, miniaturas, etc. – encontra, além de visar abastecimento interno, profunda ressonância turística, política que interessa sumamente ao Governo do Estado, notadamente à Secretaria de Turismo, e aos órgãos municipais de Turismo.
A Escola de Trançadores teria a seu cargo o treinamento de guasqueiros, artesãos especializados em uma técnica ancestral, tradicional e folclórica.
A partir da Escola de Trançadores pode se pensar no ensino formal de outras técnicas folclóricas e artesanais: em porongo, em prata e ouro, em fios, inclusive de lã, para a produção de xergões e cobertores, em madeira, em chifre, em lata, em ferro, em taquara, em palha, em vime, osso, etc.
Escola de Domadores e Tratadores
O cavalo, em grande parte devido aos “torneios de laço”, está atualmente muito valorizado, recuperando o seu papel de suma importância na fisionomia sócio-econômica e esportiva do Rio Grande do Sul, projetando o futuro com relativa facilidade. Com as variáveis da expansão tradicionalista, da progressiva escassez dos derivados de petróleo, etc. não é difícil prever também o aproveitamento cada vez maior do cavalo. Escasseiam os bons domadores. O domador não é apenas o ginete, o homem que resiste firme nos arreios aos corcovos do animal. Se são necessárias ao domador a coragem e a resistência física do ginete, mais ainda o são a técnica do amestrador, o conhecimento do cavalo, inclusive de sua fisiologia e de sua história e dos instrumentos ergológicos colocados à sua disposição.
A Escola de Domadores preencheria esse profundo vácuo, fornecendo mão-de-obra capacitada ao meio rural, a sociedades hípicas e aos próprios CTGs, assegurando a remuneração digna a um tipo característico do Estado.
O Tratador é o compositor no meio rural, tratador de cavalos por excelência. Recebe, muitas vezes, um potrilho, fiscaliza-lhe a doma e treina-o de modo a capacitá-lo às lides campeiras como esportivas. E há carência de Tratadores, compositores. Por outro lado, com o treinamento formal desses tratadores, pode haver, e por certo haverá, o seu aproveitamento por Centros de Tradições Gaúchas – seus associados – e por sociedades hípicas. Com facilidade enorme poderão ser aproveitados para treinamento de cavalos de salto e mesmo de tração.
A Escola de Tratadores, assim, significaria a ampliação de disponibilidade de mão-de-obra especializada no setor e também a abertura de mercado para a absorção dessa mão-de-obra, dando novos empregos e dignificando a cultura tradicional gauchesca.
II - LAZER
O lazer é indispensável ao homem, sabe-se à sociedade. O que se ignora é que a reduzida oferta de lazer na campanha está na etiologia do êxodo rural, tão fortemente, como a carência de bons empregos.
O CTG pode e deve se constituir numa válida opção de lazer ao homem rural, que é o peão, verdadeiramente democrática e inter-racial, onde patrões, peões e camponeses, brancos, índios e negros, possam se dedicar, sadiamente às variadas formas de diversão que o folclore oferece. Reuniões sociais, familiares, bailes, desfiles, festas campeiras, churrascos, cancha de bocha e tava, rinhedeiro, gincanas campeiras, etc. São apenas partes do que os CTGs podem oferecer.
Claro, o Centro de Tradições Gaúchas é uma associação civil, cujo acesso é facilitado unicamente aos quadros de associados.
Portanto, na execução do plano ter-se-á de encontrar um “modus operandi” que não vulnere os direitos dos associados e que o CTG, através de seus Departamentos, as invernadas, vá ao encontro do homem rural com suas promoções. Não se trata de fazer-se caridade, mas o que seja um ato de fraternidade.
III - ASSISTÊNCIA SOCIAL
A assistência social ou não chega ou chega mui vagarosamente ao campo e, quando chega, se demora pouco.
A deficiência aparente nesse setor também é a causa do esvaziamento do interior, do êxodo rural, das migrações internas em busca de melhores oportunidades.
O CTG tem uma palavra a dizer a respeito e por intermédio de sua Federação, o MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO – MTG. Muitos Centros já estão atuando de modo positivo nesse setor e, como exemplos concretos, podemos citar a “Quarteada Social do 93” de Bagé, prestando reais e desinteressados serviços ao homem do campo e, sobretudo, a um de seus segmentos mais desfavorecidos, o peão, além do que se realiza no município de Pelotas, com características semelhantes.
O CTG pode e deve prestar permanentemente, não em caráter ocasional de campanha, tipo ACISO, ou em caso de calamidade pública, a assistência médica, a odontológica, a jurídica e a ambiental, ao mesmo tempo em que prestará assistência à mulher, à criança, ao idoso e ao presidiário. ASSISTÊNCIA MÉDICA
Com médicos de seus quadros sociais ou sob convênios especiais, o CTG levará, pelo menos, um médico, a cada sábado, em um ou mais núcleos rurais de seu município ou área de influência social, para consultas, exames e receitas, gratuitamente.
O referido médico irá, sempre que possível, munido de amostras grátis e de doações de laboratórios e farmácias, que serão chamados a colaborar na iniciativa. Para o caso do CTG que tiver sede no interior do município, o próprio centro será local de atendimento e os que não tiverem sede no interior serão estimulados a ocuparem espaços por cedência e até mesmo por construção de postos de estância, pequenos galpões que serão como filiais do CTG urbano no meio rural.
O serviço médico fará também palestras e campanhas de prevenção e erradicação de doenças endêmicas e epidêmicas, alertando o homem do campo sobre cuidados essenciais, relativamente a animais portadores e transmissores de moléstias.
ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA
Os odontólogos compõem um setor profissional numeroso no tradicionalismo. A cada sábado haverá, pelo menos, um dentista no local de atendimento que o CTG determinar, fazendo exames, tratamento simples, extrações e campanhas de esclarecimento, como prevenção da cárie, por exemplo.
Dificuldade compreensível, a ser contornada, diz respeito ao gabinete odontológico, cujos transportes e instalações requerem custos e cuidados excepcionais.
ASSISTÊNCIA JURÍDICA
O mesmo vale para os advogados que integram os quadros sociais dos CTGs, em grande número. Ao lado do médico e do odontólogo, o advogado estará atendendo gratuitamente o homem rural, com consultas, orientações, redação de documentos, etc. Não se trata de fomentar a luta de classes, mas de orientar a pessoa carente em termos de seus direitos, realizando um trabalho perfeito de conciliação.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O homem tende a dilapidar o rico patrimônio que o meio põe à sua disposição. A educação ambiental prestada pelo CTG conscientizará o homem rural sobre o meio ambiente, levando-o a usar adequadamente, o campo, a mata, o rio, o ar, a casa, as instalações sanitárias e até a própria indumentária.
Tudo será coberto pela educação ambiental, cujos resultados a curto e médio prazos justificarão o esforço.
Essa tarefa será integrada por agrônomos e veterinários vinculados aos CTGs e entidades afins, cabendo-lhes, além de proceder o tratamento de animais doentes e prevenir surtos pesticidas, orientar o homem do campo sobre as formas mais adequadas para o amanho da terra, seleção de sementes, épocas adequadas às semeaduras e transplantes bem como a maneira de se combater as diversas pragas que infestam as lavouras, com o mínimo de agressão ao ambiente natural.
Caberia, ainda, aos agrônomos, com a colaboração de outras pessoas esclarecidas, preparar os nossos ruralistas e rurícolas para o florestamento de áreas consideradas prioritárias para tal e providenciar no que for possível no sentido de que se protejam com essências florestais nativas às margens dos nossos açudes, lagos, sangas e rios, de modo a que se evite o seu assoreamento, em decorrência de práticas erosivas, decorrentes, na absoluta maioria dos casos, pela falta de noções mínimas de conhecimentos de parte dos nossos agricultores, os quais, sem qualquer suporte técnico, aram as suas terras sob condições as mais precárias.
Ademais, é meta próxima do Movimento Tradicionalista Gaúcho, a arborização das margens das rodovias Estaduais em todo o Estado. Arborização que será levada a efeito pelos CTGs nos inúmeros municípios, com plantas nativas do Estado, como já ocorreu nos anos de 1976 e 1977.
Em cada região do Estado, sob o assessoramento e planejamento de técnicos da Secretaria da Agricultura, Secretaria dos Transportes e DAER, além de outros que se tornem necessários, a arborização das margens das rodovias far-se-á sempre com essências florestais nativas de cada região, utilizando-se aquelas que, por suas condições radiculares não vierem a afetar o leito da estrada. A uma certa quilometragem, aproveitando-se os ambientes mais propícios, inclusive aqueles que apresentam fontes naturais de água potável, preparar-se-ão recantos de repouso e lazer, onde a arborização principal se constituirá de frutos nativos locais.
ASSISTÊNCIA À MULHER
A mulher tende a ser a grande vítima da sociedade moderna, o campo incluído. Besta de carga da família, sem lazer e sem oportunidade de realização pessoal, paga com a vida, freqüentemente, qualquer suspeita de infidelidade, muitas vezes a fantasia para seus sonhos impossíveis. O CTG valoriza enormemente a mulher, dignifica a sua luta e encoraja a sua participação, reconhecendo sua inestimável colaboração.
O Tradicionalismo tem um setor de lazer especial para a mulher gaúcha, na arte, nas reuniões sociais e familiares, em campanhas, em concursos e até no artesanato de tecelagem e bordado, rendas e bruxas de panos. Mas, sobretudo, através das lições eternas do folclore que assegura à mulher não ser superior ao homem, mas sua igual, sua outra metade, a parte infaltável ao todo perfeito.
ASSISTÊNCIA AO IDOSO
Na sociedade moderna o idoso, maximé aquele que não dispõe de rendas próprias ou de pensão previdenciária, que a família do filho possa usufruir, tende a ser um paria, um peão que não se vende, rolando de quarto em quarto, de mão em mão, acusado de ranzinza, casmurro, opiniático e esclerosado.
O MTG, porém, recupera a imagem do idoso, segundo a peregrina lição das Sociedades primitivas: O velho é fonte perene de sabedoria e justiça, de experiência e de amor, porque viveu mais… sabe mais. No Tradicionalismo, o velho é o vaqueano tapejara, domador de caminhos e de encruzilhadas, o tronco ancestral como o umbu majestoso, cujo lenho é frágil, mas cuja sombra é protetora.
ASSISTÊNCIA À CRIANÇA
A criança é a grande maior beneficiária do tradicionalismo e a sua assistência permanente, desde a fundação do 35 CTG a 25.04.48, tem assegurado a renovação de quadros, a repetição de modelo. O homem do campo não dispõe de muitas opções para seu filho, enquanto no interior e, em conseqüência, a desenraização é inevitável.
O CTG porém, através do rico folclore infantil, devolve o pago à criança, retornando-lhe valores que são seus, tradicionalmente.
Em 1980 – no mês de agosto – o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore encaminhou, via então Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo, à Secretaria de Educação, um projeto viabilizando preparar o professorado da rede pública escolar do Estado a lecionar às crianças rio-grandenses as matérias de História do Rio Grande do Sul, sua Tradição e Folclore. Acompanhamos os ingentes esforços da sua diretoria para tornar realidade, aquele projeto.
Felizmente, na atual administração, o Dr. João Pradel de Azevedo gestionou junto à Sub-Secretaria de Cultura no sentido de que isso se faça realidade e a par de já haver concluído um de seus cursos denominados “Pacotes Culturais”, o IGTF e a Sub-Secretaria de Cultura estão ultimando um acordo operacional, já aprovado pela Diretoria de Ensino da SEC, para que o professorado da grande Porto Alegre possa auferir dos conhecimentos tão bem pesquisados e resguardados pelo IGTF, instituição pública já com relevantes serviços prestados à cultura popular do Rio Grande do Sul.
Com a escola se constituindo num prolongamento do ambiente familiar e possuindo professores realmente condicionados a respeito das verdades do dia-a-dia gaúcho, a médio prazo teremos reabertos caminhos que, por si só, o MTG não poderia abrir.
ASSISTÊNCIA AO PRESIDIÁRIO
A assistência ao presidiário, tem duas faces: a assistência a pessoa mesma do presidiário, enquanto preso e mesmo depois de libertado e a assistência à sua família, enquanto durar a pena. Recursos jurídicos, roupas, agasalhos, emprego depois de recuperar a liberdade e assistência familiar, são aspectos gerais de uma só questão, que o tradicionalismo poderá tornar menos dramática.
Algo já se está fazendo a respeito, mas muito mais poderá ser feito; a cadeia não recupera, apenas vicia. A ação tradicionalista pode ajudar a recuperar.
A respeito do assunto já tivemos oportunidade de encaminhar um Plano de Ação ao jovem e dinâmico Secretário da Justiça, com quem dialogamos todas as possibilidades da sua abrangência.
IV - ATIVIDADE CULTURAL
Levar a cultura em geral e a arte em particular, ao campo é a meta do Tradicionalismo relativamente fácil de se alcançar.
Através de suas invernadas, seus departamentos, sobretudo da invernada cultural, invernada artística, do museu e da biblioteca.
O CTG pode facilmente aproximar-se do homem rural, na cidade ou no campo. Não basta atrair o peão à sede para promoções eventuais; é necessário ir ao seu encontro permanentemente, devolvendo-lhe o folclore dele recebido.
ATIVIDADE DESPORTIVA
Também neste campo, o Tradicionalismo tem muito a dizer. São muitas as formas que o folclore noticia e que podem ser agilizadas pelos CTGs em contato direto e, amiúde, com o homem do campo. As próprias gineteadas e disputas de laço serão formas certamente chamadas à colação neste momento. Ademais, há toda uma necessidade de se propiciar ao menino da campanha uma maneira de diversão e esporte, vinculada à sua tradição cultural, como a equitação campeira e, eventualmente, a gineteada. Isso é o que se propõe o MTG. É factível, é barato e importante e sobretudo vem ao encontro das alcandoradas finalidades do Tradicionalismo e das metas propostas pelo governo do Rio Grande do Sul.
Se nos ativermos a uma breve análise do que está ocorrendo, atualmente, no setor dos desportos campeiros, surpreender-nos-emos, certamente, em constatar que os tradicionalistas estão reunindo, a cada fim de semana, público bem mais crescido daquele que se junta nos campos de futebol, o considerado “esporte do povo”.
DEMARCAÇÃO DOS LOCAIS HISTÓRICOS
Desde o ano de 1973, quando da realização do XVIII Congresso Tradicionalista, em Santa Vitória do Palmar, ocasião e que aprovada proposição do companheiro Hélio Moro Mariante, os tradicionalistas vêm se debatendo pela demarcação dos locais históricos do nosso Estado. O assunto tem sido largamente debatido e acreditamos estarmos aptos a desfechar uma campanha que, contando com a colaboração do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, nos ensejará realizar este magnífico programa cívico-cultural.
A propósito, em Caçapava do Sul e Dom Pedrito companheiros tradicionalistas e entidades filiadas já vêm batalhando nesse sentido, sendo que alguns locais já foram convenientemente demarcados.
Parece-nos importante que as margens das rodovias que riscam o chão gaúcho, nas proximidades desses locais, devem ser colocadas placas indicativas dos mesmos, com dados sucintos sobre a sua representatividade para a formação do nosso povo e a indicação de como se chegar até eles. Assim, qualquer visitante que percorra o Rio Grande do Sul, ao deixar nosso solo, conhecer-nos-á melhor, isso sem contar os inúmeros elementos informativos que transmitiremos à nossa própria gente, que tão pouco conhece a sua própria Querência.
PRESERVAÇÃO E/OU RESTAURAÇÃO DE MONUMENTOS HISTÓRICOS
Partindo de uma conscientização do povo gaúcho, temos sobejas condições de restaurar e preservar nossos até certo ponto raros monumentos históricos.
É de partir a alma o estado lastimável em que se encontram diversos desses monumentos, como, apenas para exemplificar, o Cemitério Cerro do Ouro, no interior de São Gabriel, onde, em cova comum, foram enterrados os contendores das facções adversárias que perderam a vida numa das mais fragorosas batalhas da Revolução de 1893.
Companheiros da 19ª Região Tradicionalista, mais especificamente de Erexim, com a colaboração de particulares e a municipalidade erexiense, restauraram, há pouco tempo, o Cemitério do Combate de Quatro Irmãos, onde dormem, lado a lado, os Chimangos e Maragatos que lá tombaram em 1923.
O que resta da tapera onde nasceu o heróico gabrielense Plácido de Castro, o magnífico conquistador do Acre, cujo centenário de nascimento ocorreu em 1973? E quantos exemplos mais poderíamos citar a respeito (ou desrespeito?…).
DENOMINAÇÃO DAS RODOVIAS ESTADUAIS
É natural que, para simplificar trabalhos que vão desde o mapeamento até outros motivos, nossas rodovias tenham denominação meramente numerológica. Mas por que motivo não se lhes dar a denominação de figuras exponenciais do passado Rio-grandense? Qual o motivo pelo qual não reverenciarmos nossos caminhos principais com os nomes daqueles que ou desbravaram certas regiões, nelas criaram condições de vida ou pelas suas cercanias, muitas vezes enfrentando todos os rigores atmosféricos e do assalto constante dos inimigos, fizeram, com seus cavalos, espadas e garruchas, Pátria daquele pedaço de chão?
Nada temos quanto à denominação de ilustres estrangeiros que vieram colaborar para o nosso desenvolvimento, como Saint Hilaire, Von Koseritz e outros (até agora pouco lembrados), mas somos frontalmente contrários ao agringalhamento denominatório que se passou a empregar de algum tempo para cá, reverenciando nomes que apenas influenciaram no sentido de que se conseguisse alguns punhados de dólares para o melhoramento de algumas das nossas rodovias, à custa de juros altíssimos que empenharam sacrifícios, suor e lágrimas de diversas gerações de gaúcho.