Minha gaita conta a história – A influência da gaita na construção da identidade do gaúcho”.

Autores: Andrei Caetano – 3ª Peão Farroupilha do RS

Daniel Muller Forrati – 1º Guri Farroupilha do RS

Ambos integrantes do CTG Tio Bilia de Santo Ângelo – 3ª RT

É comum ouvir falar que a gaita foi introduzida no Rio Grande do Sul por volta de 1846 com a família do imigrante Pedro Roth Birkenfeld ou que ainda teve sua vasta disseminação de fato, durante e após a guerra do Paraguai, mas mais importante que entender a introdução do instrumento em solo gaúcho é entender que este foi introduzido no “coração” do homem deste estado e por isso que assim como o cavalo, gaita por si só também é sinônimo de gaúcho.

A ideia central do trabalho consiste na conscientização da importância da gaita como instrumento fundamental para a construção da identidade cultural do gaúcho, entender sua história em solo gaúcho, como ela influenciou o jeito de ser do homem campeiro, bem como àqueles que foram expoentes e construtores de sua reputação como instrumento símbolo do estado do Rio Grande do Sul.

Durante a pandemia do vírus Covid-19, percebemos que as artes, e frisamos, neste caso, a música, cumpriu papel fundamental no auxílio de quebrar a monotonicidade dos dias de quarentena. Sendo que, em nosso meio tradicionalista e aqueles apreciadores da música gaúcha, fomos possibilitados de vivenciar bons momentos neste período delicado, muito em virtude também da gaita.

Uma das motivações mais importantes para a construção da proposta deste tema foi a valorização daqueles que quebraram barreiras através da gaita para que a cultura gaúcha chegasse a pagos mais longínquos. Sendo assim, serão trazidos em evidência três dos principais responsáveis artistas que cumpriram este papel na construção e divulgação da música e da cultura gaúcha, sendo eles: Antônio Soares de Oliveira (Tio Bilia), que comemoraria em 2023 os sessenta anos do seu primeiro álbum, intitulado “Baile Gaúcho”, lançado em 1963, Honeyde Bertussi, o qual estaria, se vivo, completando 100 anos de vida em 2023 e ainda Pedro Raymundo, esse que nasceu catarinense e morreu como um dos gaúchos mais autênticos, o famoso gaúcho da era do rádio, ficando marcado pelo pioneirismo ao se apresentar devidamente trajado e tendo o seu sucesso “Adeus Mariana” completando 80 anos em 2023.

É importante neste caso, falando sobre a música entender como este artificio artístico pode levar a cultura adiante para os povos mais distintos e até mesmo para aqueles que aqui nasceram, mas não tiveram a vivência do campo, pois foram criados e moldados dentro das cidades. Um exemplo disso é a música “Dia de Chuva”, dos compositores João Sampaio, Walther Morais e Cassiano Mello, que nos transmite através de sua letra, como o homem do campo podia trabalhar em dias de chuva, neste caso lidando com couro, fazendo cordas e outros utilitários da lida cotidiana do interior, além de em um dos versos especificar sobre a crendice de benzer tormentas com machado. Estrofe a estrofe quem escuta com atenção, aprende alguma coisa.

Portanto, buscamos com este trabalho, apresentar a relevância deste instrumento que, apesar de ter contato com diversas culturas, se enraizou em nosso estado a ponto de ser símbolo identitário deste grupo social chamado gaúcho, pois a gaita se encontra nos fandangos, nas missas de comunidade, nas rodas de chimarrão, acompanhando declamadores em suas poesias, nos momentos de integração nos rodeios, nas apresentações artísticas dos grupos de danças, nas apresentações de concursos de prendas e peões e nos mais diversos festivais de música, sob tudo de cunho nativista.

“Com a chegada dos gaiteiros – que se tornaram o elemento fundamental para uma diversão campeira – a música rural do Rio Grande foi se tornando quase exclusivamente instrumental. Nos bailes, já não se exigia que o músico fosse cantor: bastava que fosse gaiteiro. Uma famosa quadrinha popular, resume a questão:

“A gaita matou a viola
O fósforo matou o isqueiro
A bombacha, o chiripa
E a moda, o uso campeiro”

(Trecho Retirado do livro: “Danças e Andanças da Tradição Gaúcha”, dos autores Barbosa Lessa e Paixão Côrtes”).

Objetivos

  • Objetivo geral: ressaltar a importância da gaita na construção da identidade do gaúcho.
  • Objetivos específicos:

✓ Fomentar pesquisa sobre a origem do instrumento e seu histórico dentro do estado;

✓ Valorizar os trabalhos de Tio Bilia, Honeyde Bertussi e Pedro Raymundo como pioneiros na divulgação da gaita e da música gaúcha no geral.

✓ Incentivar a pesquisa do histórico dos gaiteiros em suas respectivas regiões, através de buscas bibliográficas e entrevistas com os próprios artistas, familiares e amigos, buscando resgatar a história que vive na memória destas pessoas;

✓ Tirar do anonimato gaiteiros com grandes contribuições para a cultura e que muitas vezes acabam sendo esquecidos e não obtendo o devido reconhecimento.

Conclusão: Pode-se afirmar que a gaita, foi um dos agentes “aculturadores” que moldou em diversos aspectos o gaúcho que conhecemos até os dias de hoje, desde os trejeitos mais descontraídos, até o gosto por melodias mais introspectivas e reflexivas. Sendo assim, com a ideia de valorizar o instrumento e os instrumentistas que mantém viva a essência que personaliza o homem campeiro, e de forma ampla, do gaúcho, conto com o apoio e o voto dos senhores que carregam o poder do direcionamento do movimento, para alavancarmos com sucesso este projeto que vem amadurecendo há um bom tempo.

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