Na noite de domingo, 23, o Conselho Diretor do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) do Rio Grande do Sul se reuniu de forma virtual e deliberou sobre a escolha do tema anual do tradicionalismo organizado: “Centenário de Lilian Argentina – O universo do folclore”.
Duas temáticas foram apresentadas; uma defendida pelos peões do estado, Andrei de Moura Caetano e Daniel Muller Forrati, abordando a influência da gaita na construção da identidade do gaúcho, e outra pelo presidente da Comissão Gaúcha de Folclore, Rogério Bastos, aprovada após os jovens retirarem a proposta, por compreenderem a importância da celebração do centenário da folclorista Lilian Argentina.
Bastos relembrou o relevante papel de Lilian Argentina Braga Marques para o tradicionalismo organizado e para o folclore gaúcho. “Lilian foi a primeira conselheira do MTG, logo após a sua criação, além de ser um destaque nas pesquisas pelo Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (já extinto), Comissões Gaúcha e Nacional de Folclore” – destacou.
Tema: “Centenário de Lilian Argentina – O universo do Folclore”
Lilian Argentina
Lilian Argentina Braga Marques foi uma importante folclorista do Rio Grande do Sul, destacada pesquisadora do IGTF e da Comissão Gaúcha de Folclore, sempre muito preocupada com o rigor científico de suas pesquisas. Membro da Comissão Nacional de Folclore, presidente de honra da Comissão Gaúcha e Conselheira Benemérita do MTG. Professora, pesquisadora de folclore, tradicionalista, profunda conhecedora da cultura sul-rio-grandense. Seu conhecimento incontestável e atuação como pesquisadora e docente foi motivo de admiração e respeito por todos que a conheceram e tiveram o privilégio de com ela conviver.
Conheceu a região litorânea palmo a palmo e, nesta época, por intuição e vocação, iniciou-se como pesquisadora das manifestações de cultura popular. A partir de suas observações, escreveu O pescador artesanal do Sul, livro com o qual recebeu, em 1973, o Prêmio Silvio Romero de monografias de Folclore, concurso promovido pelo Ministério da Educação no Rio de Janeiro.
A professora Lilian Argentina foi pioneira nas pesquisas do folclorismo gaúcho. Em Tramandaí, no ano de 1945, já registrava danças populares, quando recolheu “A Jardineira“, que remontou na escola com seus alunos. Na área de estudos de folclore, cursou a Escola Gaúcha de Folclore da Secretaria de Educação, coordenada pelo Professor Carlos Galvão Krebs. Cursou “Folclore e Turismo” e “Folclore e Educação“.
Na releitura da Carta do Folclore Brasileiro, no ano de 1995, realizada durante o 8º Congresso Brasileiro de Folclore, em Salvador, juntamente com a professora Rose Marie dos Reis Garcia, liderou a equipe gaúcha. Em 1991, participou do Curso de Animadores de Folclore nos Açores, quando ministrou disciplinas relacionadas à cultura açoriana no Rio Grande do Sul.
Como tradicionalista, destacou-se como posteira artística do 35 CTG, e da Academia de Polícia da Brigada Militar. Colaborou sempre com o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), no qual foi conselheira, participando dos congressos, convenções, reuniões de patrões e outros, contribuindo com relevantes trabalhos.
Tema ou objetivo anual do MTG
Em janeiro de 1994, no 39º Congresso Tradicionalista realizado em Esteio foi aprovada a proposta de Ivo Benfatto, definindo um objetivo anual a ser perseguido, em âmbito estadual, por todas as entidades filiadas ao Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul. Desde então, a temática serviu de norte para que as entidades debatessem e realizassem atividades voltadas ao assunto, provocando grande repercussão pelo estado.